quarta-feira, 22 de julho de 2015

Que se tenha foco!

(Compartilho com vocês um texto sobre o foco escrito por Caroline Marques)

Caroline Marques
Julho/2015

Ora, para começo de conversa (ou de reflexão..), este título mais me parece mais um dos textos do ambiente organizacional que li e reli tantas vezes para tentar me adequar a este estranho mundo.

Desde a minha formação acadêmica, eu venho tentado “focar” nessa palavrinha danada: o FOCO. Foco na graduação, foco na pós-graduação, foco na carreira, em ser bem-sucedida, em ser reconhecida, em ser absolutamente indispensável por onde eu passasse. Quanta arrogância!

E nos últimos anos fui tomada por tantas surpresas, tantos conceitos diferentes desses que eu aprendi, que comecei a revisar essa minha posição.

Descobri algumas coisinhas interessantes a partir disso: a primeira é que o Universo é grande demais para que eu perca meu tempo e energia com picuinhas. Sim, picuinhas, aquelas manias chatas e desnecessárias que algumas pessoas têm para tentar estragar o dia de outras pessoas.  Também descobri que é uma decisão minha a forma como o meu dia vai ser – e que, incrivelmente, ele pode ser melhor ou não a partir da maneira como eu invisto minha disposição. Que é necessário um longo silêncio para que eu possa me conhecer melhor, entender melhor o ambiente e, principalmente, para que eu possa falar. Por isso, eu tenho tentado falar menos, a ouvir mais e a dispensar a opinião de quem sempre vê o lado ruim de tudo.

Também entendi que não importa o quanto você se dedique, certamente você não será reconhecido como gostaria. E que isso, na verdade, isso tem pouca importância porque ninguém é obrigado a entender qual a “quantidade” de reconhecimento que você espera. Então, decidi trabalhar minha autoestima, meu autoconhecimento – para que os reconhecimentos não sejam necessidade, e sim, uma consequência.

Vi que as coisas mais importantes são pouco glamorosas e estão muito distantes das paredes do meu trabalho. Trabalhar é necessário, apenas isso.

Mas faz toda a diferença para minha vida ter o propósito de buscar conhecimento e me aprofundar naquilo que a ciência tradicional pouco sabe – ou quer saber. Enche minha vida chegar em casa todos os dias e encontrar as pessoas que mais amo.... ver que ali sou apenas eu, eles são apenas eles e que nossas ideias e objetivos se complementam diariamente. E sentir que ali existe cumplicidade, existe refúgio, existe verdade!

E, curiosamente, a partir do momento em que quebrei meus paradigmas sobre a necessidade de se ter foco, tenho me sentido cada vez mais focada, mais inteira e consciente em cada uma das minhas ações. Há ainda um longo caminho a ser percorrido, que se tornou mais curto quando decidi escutar minha essência.

sábado, 11 de julho de 2015

Indagações, indignações e reflexões sobre o Ego...

(Compartilho com vocês um texto sobre o Ego escrito por Caroline Marques)

Caroline Marques
Julho/2015

Quando eu estava no curso de Psicologia e me deparava com tantos conceitos ligados à Psiquê, ficava intrigada com tantos teóricos e abordagens sobre este único tema. E me perguntava porque a mente humana nos causava tantas indagações.
Uma delas, que, particularmente, acho bem interessante, é a respeito do conceito, proposto inicialmente por Freud, do Id / Ego / Supergo. Aqui já peço licença (e talvez desculpas antecipadas!) aos psicanalistas, pois neste campo sou uma mera curiosa e não uma teórica do tema.
Mas quando o brilhante Freud se deparou com os pacientes (em especial, o famoso caso de Ana O.) e seus inexplicáveis adoecimentos e histerias, ele propôs uma visão revolucionária – e interessantíssima – sobre o nosso “modus operandi”. Segundo ele, nosso universo interno estaria pautado por 3 porções: uma primeira, carregada de pulsões mal elaboradas, conteúdos “desconhecidos”, o qual ele denominou Id (nossa porção inconsciente). Uma segunda porção retrataria todas as regras sociais, as noções de certo/errado, os tolhimentos e normas sociais, que foi denominada Superego. E uma terceira, fruto da interação das duas primeiras, que seria aquela “porção visível”, manifestada, consciente – o famoso Ego!
Nessa relação, nem sempre muito amistosa, Id, Ego e Superego batalham para definir seus territórios em nosso mundo psíquico. Ora, mas por que batalham? Porque o Id insiste em se manifestar, o Superego insiste que o Id fique bem quietinho. E o Ego... ah, o Ego, esse tenta se equilibrar e, muitas vezes, adoecido, se perde nessas intermináveis guerrinhas.
Dessa interação, quando desequilibrada, há que se ter muita dor e confusão... e situações engraçadas também! Freud dizia que o Id encontra um jeito de “escapulir”, especialmente quando não está tão bem trabalhado, porque, afinal, ele é pulsão e deseja se manifestar. Quem nunca cometeu uma tremenda gafe ao confundir nomes ou situações, como se fosse “sem querer”? Freud chamou este “sem querer” de “atos falhos”, associando àqueles momentos em que somos pegos por esses pequenos lapsos do inconsciente “querendo” aparecer.
Por isso, a psicanálise confia tanto na grandiosa arte da escuta. Ao falar e refletir sobre os conflitos da vida cotidiana, podemos entender que muitos deles derivam daqueles sofrimentos ao longo da vida que não trabalhamos, que nos esquecemos, que abafamos. Adivinha só para onde eles vão? Isso mesmo, para o Id. E adivinha quem não quer de jeito nenhum que isso apareça? Acertou de novo... o Superego.
Ao elaborar melhor esses eventos dolorosos, não importa quais sejam, nem seus motivos, pode-se ter, enfim, uma relação mais pacífica entre Id, Ego e Superego.
Mas, o que tem isso tudo a ver com as pesquisas paracientíficas? Levanto a hipótese dessa porção inconsciente não retratar “apenas” nossas pulsões, nem nossos eventos dolorosos. Há dentro de nós uma grande chama, que deseja vir à tona: são as nossas habilidades extrassensoriais, nossa história ao longo dos milênios, nossa essência, nossa missão... Tudo fica ali, tão escondidinho, tão esquecido – mas teima em aparecer, a nos deixar inquietos com o mundo que nos rodeia e nos faz pensar: “qual o sentido disso tudo?”.
Na medida em que se reprime essa inquietação, escondemo-nos da nossa essência, jogando para esse mundo inconsciente cada uma das inúmeras potencialidades que temos. Em contrapartida, quando nós mergulhamos nessa compreensão – com nobreza, disciplina e sabedoria – podemos encontrar um universo de possibilidades. Talvez esse seja um dos maiores desafios que que encontramos na jornada: saber profundamente de si para depois, somente depois, saber do outro, da comunidade, da humanidade. Afinal, se somos partes integrantes de um TODO, ao me conhecer, eu também estou conhecendo o outro, porque ele é parte de mim.
Nas nossas pesquisas, estamos sempre a refletir sobre nosso Ego: “controle o ego”, “fulano (sempre o fulano!) está agindo pelo ego”, “que arrogância, que ego”. A despeito disso, um grande parceiro nosso diz ter um “ego do tamanho do mundo”.
Ora, então será que o Ego é tão abominável assim?
Essas indagações me levam a crer que não. Há, talvez, uma deturpação que nos leva a associar que o Ego é o provedor das vaidades, da superficialidade, daquela mania, muitas vezes insuportável e deselegante, de acharmos que o mundo gira em torno de nossos desejos banais.
O Ego, tendo como ponto de partida a teoria Freudiana, é resultado de uma relação entre o Id e o Superego. E se o Id pode conter a chave de um profundo autoconhecimento, o Ego pode ser a manifestação dessas descobertas e o pleno exercício desses conhecimentos.
Talvez, de agora em diante, ter um “ego do tamanho do mundo” possa ser um grande objetivo a ser conquistado! Se bem amparado pelo conhecimento (e pelo autoconhecimento) o Ego pode gerar, sim, grandes benefícios para nós, para aqueles que amamos e para o mundo.